Não acredito que herdei uma casa muito grande da minha tia. Se calhar era uma quinta muito grande. Sempre quis viver numa casa grande, disse a mim próprio. Queria sobretudo ter porquinhos-da-índia. Sabes o que é um porquinho-da-índia? É como uma galinha d\’angola maior, com pintas bonitas. O que aprendi sobre os porquinhos-da-índia é que podem fazer barulhos muito altos. Diz-se que afugentam os ratos e até as raposas. Por isso, queria ter uma conta dessas na minha quinta.
Ou na casa grande, a minha tia passou-me esta casa. Também quero dizer que não tomei conta da minha tia para que ela me desse a casa e a quinta. Eu estava a trabalhar em casa, por isso tinha mesmo tempo. Gostava muito de cuidar da minha tia. Não sei porquê, mas o resto da família culpava-me por isso. Disseram-me que devia vender a casa e dividir o dinheiro entre as outras seis pessoas. Claro que não fiz isso.
A razão pela qual não o fiz é porque a minha tia tinha escrito no testamento que não queria que eu vendesse a casa, que só queria que eu a utilizasse. Por isso, vendi. Não escondi o facto de que estava feliz por herdar a casa toda. Eventualmente, a minha irmã discutiu comigo e deixou de falar comigo durante cerca de cinco anos. Isto foi muito mau, apesar de não ter sido culpa minha. Limitei-me a fazer o que a minha tia escreveu no testamento, que a casa grande não devia ser vendida, que eu devia ficar com ela e desfrutar da casa grande. É assim que eu sou. Além disso, tenho dois cães. Tinha dois pastores alemães muito bons e grandes, dois coelhos e duas galinhas.